sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A PERDIGÃO SERÁ VENDIDA EM BOM CONSELHO?

Acabaram as especulações a respeito da perdigão em Bom Conselho – PE, já ouvimos vários boatos que a fabrica vai fechar, “que foi vendida a Nestlé”, “vai ter demissão em massa” e outras. Mais segue as explicações divulgada na revista Dinheiro Rural, veja a reportagem na integra aqui no Bom Conselho seguro.



Quer um pedaço da BRFOODS?

Quer uma fatia da BRFoods
Nova empresa, montada a partir do acordo com o Cade, pode custar até R$ 2 bilhões e deve mudar o setor de alimentos no País
Mas há quem veja vantagens no surgimento de um novo concorrente para comprar a produção. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivânio Luiz de Souza, acredita que a venda será positiva, especialmente na área de suínos, na qual os produtores reclamam de queda de rentabilidade nos últimos anos. "O mercado pode ficar um pouco mais concorrido", diz Souza. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, concorda. "Podemos ganhar um pouco mais de poder de barganha, que tínhamos perdido com a fusão", afirma Lopes.
Embora os produtores integrados estejam protegidos da variação de preços, eles reclamam de mudanças nos cálculos dos bônus de produtividade que acabaram reduzindo seus rendimentos. Edson Ferronato, pequeno integrado da Perdigão, de Treze Tílias, na região de Videira (SC), berço da empresa, diz que perdeu rentabilidade com a extensão do prazo de alojamento dos suínos em sua propriedade. O suíno que antes ficava três meses e dez dias em sua fazenda agora permanece quatro meses. Ele entrega 1.100 suínos por ano e seu rendimento é de cerca de R$ 60 mil. "Minha rentabilidade anual caiu uns 30%, afirma Ferronato. Fay, da BRFoods, nega mudanças na rentabilidade dos produtores e diz que os pagamentos são feitos com base na produtividade. "Na verdade, eles estão protegidos das oscilações de preços, não estão expostos à crise dos suínos neste momento."
Fay afirma que com a fusão houve até aumento na remuneração de alguns produtores. Ele procura tranquilizar os integrados, afirmando que a demanda será mantida nas fábricas que hoje fazem produtos da Perdigão. "Vou precisar repor parte da capacidade produtiva que estou vendendo e posso precisar de mais matéria-prima", diz Fay.

Noiva enfeitada
A empresa que será vendida pela BRFoods



Para outro interessado, o grupo JBS, a aquisição seria a oportunidade de diversificar o negócio para carne suína e de frango industrializadas no Brasil. Embora tenha atividades semelhantes às da BRFoods nos Estados Unidos, onde adquiriu a Pilgrim's Pride, no Brasil a empresa concentra-se em carne bovina in natura e produtos derivados. O JBS mantém também uma operação de vulto na área de lácteos, com as marcas Vigor e Leco. No entanto, a exemplo da Marfrig, seu endividamento é alto, equivalente a 3,3 vezes sua geração de caixa. Uma saída tanto para a Marfrig quanto para a JBS seria fazer emissões de ações no mercado para bancar a transação.



Uma alternativa para interessados endividados, como a Marfrig e a JBS seria recorrer às fontes de financiamento público. O conselheiro do Cade, que articulou o acordo com a BR Foods, Ricardo Ruiz, defende o apoio do governo ao comprador para fortalecer a competição. "Há um conjunto de agentes públicos com uma série de instrumentos que podem ajudar na solução", disse Ruiz à DINHEIRO RURAL. Parte desse conjunto de ações consistiria em financiar - possivelmente com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - as empresas que competirão com a BRFoods. Isso inclui a que vier a assumir a fatia da antiga Perdigão que o Cade mandou vender como parte do acordo. Também poderia haver dinheiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para investimentos em tecnologia que aumentem a eficiência das empresas menores. O presidente da BRFoods diz não temer a interferência governamental na escolha do vencedor do processo. "Vamos vender para quem pagar mais", afirma Fay. "Se o comprador precisar de ajuda, não temos nada a ver com isso." Pelo acordo, o Cade só pode interferir na venda se o grupo de ativos for desfeito. O BNDES não comentou o assunto.
José antonio fay, presidente da brfoods: empresa já começa a investir agora para repor o faturamento de R$ 3 bilhões perdido no acordo com o cade
É provável que os grupos estrangeiros interessados devem financiar a aquisição com recursos próprios. Para um deles, a Tyson Foods, maior processadora de proteína animal do mundo, a compra da "mini-BRFoods", representaria um salto importante, no Brasil. A empresa americana, que foi ao Cade durante o processo expressar o interesse na compra dos ativos da BRFoods, atua no País com a marca Macedo e conta com apenas três unidades industriais. Seu faturamento global é de US$ 4,4 bilhões, mas uma parcela muito pequena, que a empresa não divulga, provém da subsidiária brasileira. "Todos os grandes players brasileiros e estrangeiros estavam esperando o Cade para se posicionar", afirma o professor da Fundação Getulio Vargas, Roberto Kanter.
A competitividade da nova companhia dependerá em muito da reação da própria BRFoods, que está reavaliando sua estratégia, depois do acordo com o Cade. Proibida de usar a marca Perdigão ou de criar outras em diversos segmentos, a exemplo dos derivados de suínos como presunto, lombo, pernil, linguiças e salames e alimentos prontos como pizza, quibes e almôndegas, a BRFoods avalia qual o melhor posicionamento para a marca Sadia, depois que os produtos da Perdigão forem suspensos. Fay diz que não quer perder a participação que a empresa tem na classe C com as marcas de combate. "É mais difícil, temos restrições impostas pelo Cade, mas vamos lutar para não perder esse espaço", afirma. Ao mesmo tempo, a BRF também avalia novos investimentos para repor o faturamento de R$ 3 bilhões que está perdendo com o acordo (ver quadro na página 64)
O surgimento da empresa desmembrada da BRFoods não implicará apenas um realinhamento de forças na indústria de alimentos.



Seu impacto também deverá ser considerável sobre os produtores rurais. Os produtores integrados de Perdigão e Sadia aguardavam o acordo da BRFoods com o Cade para saber como ficarão seus contratos. Segundo Fay, as eventuais mudanças só deverão ocorrer no ano que vem, quando for completada a venda. Mesmo com o novo dono, os 1.300 produtores terão mantidas as condições de seus contratos por, no mínimo, um ano. "Tivemos o cuidado de proteger os integrados, como fizemos com nossos funcionários", afirma Fay. "Depois do primeiro ano, o produtor pode avaliar se quer continuar com a nova empresa."
A despeito do discurso oficial, as garantias dadas pela BRFoods não estão sendo suficientes para acalmar os integrados que serão transferidos para a nova companhia. Fernando Cezar Ribeiro, diretor do Sindiaves e produtor integrado da BRFoods, na região de Brasília, onde está localizada uma fábrica que será vendida, está frustrado. "Fiz um investimento de longo prazo, com aval da Sadia, e agora não sei quem será o comprador", afirma. Ribeiro investiu R$ 10 milhões em sua fazenda em Santo Antônio do Descoberto, em Goiás, dos quais R$ 6 milhões foram financiados por crédito bancário de 12 anos, com aval da BRFoods. O produtor fatura em média R$ 900 mil por ano vendendo 600 mil frangos e 8 milhões de ovos. Para ele, a garantia de um ano de manutenção dos contratos não resolve o problema, porque o crédito precisa ser pago em 12 anos e levou em conta os contratos atuais. A preocupação de Ribeiro encontra eco no Cade. O conselheiro Ruiz sugeriu o uso de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para financiamento dos produtores de suínos e aves.


BRFoods busca aquisições no exterior
Depois de fechar o acordo com o Cade, a BRFoods agora quer crescer nas áreas onde não está restrita pelas condições impostas pelo órgão antitruste. O presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, diz que vai aumentar investimentos e busca aquisições de fábricas no Brasil e no Exterior. "Temos um caixa preparado para o crescimento e vamos expandir em áreas como lácteos, food service e no mercado externo", diz. Segundo ele, a via de expansão mais fácil seria o mercado externo, onde não há restrição do Cade. A empresa tem interesse em aquisições na América Latina, Oriente Médio e Ásia.
A venda de ativos e suspensão de marcas reduzirá o faturamento da companhia em R$ 3 bilhões, ou 13% do total. A empresa já começa a correr para repor a receita que será perdida. "Podemos começar a investir em novos ativos antes mesmo da venda", afirma Fay. Não estão descartadas aquisições de fábricas para aumentar agora a capacidade de produção. Passada a indefinição provocada pela negociação com o Cade, a empresa corre para atingir o volume total de R$ 2 bilhões em investimentos anuais previstos.
Segundo Fay, a compra de ativos e a recuperação de receitas fazem parte da estratégia da BRFoods pós-Cade, que está sendo elaborada por um time batizado internamente de "grupo de reconfiguração". Composto por um grupo de 20 vice-presidentes e diretores, de áreas como comercial, marketing, operações e logística, sua missão é reorganizar a estrutura da companhia, após o regime forçado pelo Cade.

Mas há quem veja vantagens no surgimento de um novo concorrente para comprar a produção. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos, Losivânio Luiz de Souza, acredita que a venda será positiva, especialmente na área de suínos, na qual os produtores reclamam de queda de rentabilidade nos últimos anos. "O mercado pode ficar um pouco mais concorrido", diz Souza. O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, concorda. "Podemos ganhar um pouco mais de poder de barganha, que tínhamos perdido com a fusão", afirma Lopes.
Embora os produtores integrados estejam protegidos da variação de preços, eles reclamam de mudanças nos cálculos dos bônus de produtividade que acabaram reduzindo seus rendimentos. Edson Ferronato, pequeno integrado da Perdigão, de Treze Tílias, na região de Videira (SC), berço da empresa, diz que perdeu rentabilidade com a extensão do prazo de alojamento dos suínos em sua propriedade. O suíno que antes ficava três meses e dez dias em sua fazenda agora permanece quatro meses. Ele entrega 1.100 suínos por ano e seu rendimento é de cerca de R$ 60 mil. "Minha rentabilidade anual caiu uns 30%, afirma Ferronato. Fay, da BRFoods, nega mudanças na rentabilidade dos produtores e diz que os pagamentos são feitos com base na produtividade. "Na verdade, eles estão protegidos das oscilações de preços, não estão expostos à crise dos suínos neste momento."
Fay afirma que com a fusão houve até aumento na remuneração de alguns produtores. Ele procura tranquilizar os integrados, afirmando que a demanda será mantida nas fábricas que hoje fazem produtos da Perdigão. "Vou precisar repor parte da capacidade produtiva que estou vendendo e posso precisar de mais matéria-prima", diz Fay.

Um comentário:

  1. Ótimo Carlos, mais seremos parceiros de noticias divulgue nosso blog bomcoselhoseguro.blogspot.com
    estamos a sua disposição.

    a direção.

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