sábado, 13 de agosto de 2011

Exclusivo: jovens falam sobre festa na Aeronáutica





 Em entrevista à Globo Nordeste, elas contaram detalhes sobre o caso, que terminou na morte de Monique Valéria, atingida por um tiro no último domingo.



As duas jovens que participaram da festa dentro do hotel de trânsito da Aeronáutica falaram, com exclusividade, para o repórter da Globo Nordeste Sérgio Borges, nesta sexta-feira (12). Elas contaram todos os detalhes sobre o caso, que terminou na morte, no último domingo (07), de Monique Valéria de Miranda Costa, de 20 anos, atingida com um tiro de pistola no rosto. Uma das mulheres disse que segurava a pistola no momento do acidente, mas não sabia que a arma estava carregada.

Monique Freitas da Silva e Mércia Vieira da Silva disseram que foi a amiga Monique Valéria quem as convidou para uma festa na Aeronáutica e que não houve dificuldades para entrarem com os soldados.

"A gente entrou no carro, entramos normalmente (no local), não nos abaixamos, nem nada. Ele ligou para a cancela dentro do carro, o Gonzaga. Quem estava dirigindo era o Bruno, mas Gonzaga ligou para a cancela e fez 'abre os portões que a gente já está chegando'. Aí, quando a gente passou, já estava tudo aberto. Entramos normal, não nos abaixamos, não nos escondemos" relembrou Monique Freitas.

Elas contaram que todos foram para um dos quartos do hotel de trânsito: começaram a conversar, beber cerveja e brincar com duas pistolas, chegando a tirar fotos com as armas. "Só foi tirando foto, mesmo, e apertando o gatilho, mas ele não tinha bala. Eu tinha certeza que não tinha munição porque ele disse que aquela arma não é feito as outras, que rodam. A munição bota em baixo e tinha um buraco. Não tinha o pente de munição da arma”, explicou Mércia Vieira.

De acordo com as jovens, houve um momento em que o soldado Gonzaga pegou a pistola e saiu do quarto, dizendo que iria assinar a folha de ponto. Ele voltou minutos depois e entregou a arma a Monique Freitas. Ela admite que segurava a pistola quando a bala foi disparada no rosto da amiga, que morreu na hora.

"Quando ele voltou, que passou por mim, eu toquei no coldre dele. Aí, ele pegou e me deu a arma. Ele está dizendo que eu puxei. Não puxei. Ele tirou e me deu a arma. A gente começou a conversar e a brincar de novo. Aí eu só fiz puxar um negocinho de cima. Quando eu puxei e soltei, aí a bala saiu. Eu só escutei o disparo, somente", disse Monique.

As duas confessam que, logo depois do crime, inventaram uma primeira versão da morte da amiga: contaram à polícia de que Monique Valéria foi atingida por uma bala perdida quando todos estavam na rua. "A caminho do hospital, o tempo todinho ele dizendo que não era que tinha sido ali, que tinha sido em outro lugar, que tinha sido bala perdida", afirmou Monique.

O advogado Carlos Ribeiro de defesa admite que Monique cometeu o crime de homicídio culposo, sem intenção de matar. "Ela não teve a intenção. Ela não teve o dolo de realizar a ação. Vamos dizer assim, que foi uma ação totalmente em que houve por parte dela uma negligência, mas não de imperícia porque ela não é acostumada a usar isso, ao usar o armamento. mas, de forma totalmente casual", falou.

As três jovens haviam se tornado amigas a poucos meses. Monique Freitas se emocionou ao falar de como recebeu o perdão dado pela mãe de Monique Valéria de Miranda Costa. "Eu já disse a ela. 'A senhora me perdoou, seu marido me perdoou e eu tenho certeza que Deus me perdoou, porque ele sabe que eu não fiz por querer, mas eu nunca vou me perdoar porque eu tirei uma vida. Querendo ou não eu tirei uma vida”, chorou.

DEPOIMENTOS
Os três soldados envolvidos na farra dentro do hotel de trânsito da Aeronáutica prestaram depoimento nesta sexta-feira (12) à polícia. Eles chegaram, por volta das 14h, à sede do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) separados e sem farda. Eles estavam presos numa unidade da Aeronáutica, mas a Justiça Militar concedeu, na última quinta-feira (11), liberdade provisória para os três soldados.

Depois de cinco horas, os depoimentos, que não puderam ser acompanhados pela imprensa, terminaram um pouco antes das 19h. O delegado Igor Leite, que coordena as investigações, contou o que os soldados disseram sobre os tiros que acertaram a vítima.

“Os soldados, inicialmente, narraram uma versão fantasiosa e bastante contraditória com aspectos importantes da investigação que não ficaram devidamente esclarecidos. Ora informaram que duas armas teriam sido manuseadas e, em outro momento, o depoimento de um deles informava que apenas uma arma havia sido manuseada, inclusive o momento da utilização da arma de fogo, houve grande discordância. O disparo, de acordo com o conjunto probatório que temos, foi acidental e o soldado da Aeronáutica que entregou o armamento agiu de forma culposa quando entregou o armamento, e os demais agiram de forma negligente, imprudente, quando permitiram que o fato acontecesse daquela forma. Por esse motivo, não há outra alternativa que não o indiciamento de todos os soldados da Aeronáutica por homicídio culposo, além do indiciamento de todos por fraude processual e da garota que efetuou o disparo por homicídio culposo”, afirmou o delegado.

O primeiro a prestar depoimento foi o soldado Bruno Lima, de 26 anos, responsável pela cancela. Após o depoimento, que durou cerca de uma hora e meia, o advogado dele, Cristóvão Cavalcanti, falou sobre o caso. “Ele é o canceleiro, ele não portava arma na hora, não tinha nada. Ele veio só esclarecer alguns detalhes: quem estava com a arma, como foi o acontecido, se realmente existiu a questão da omissão de socorro, que não houve”, disse.

AERONÁUTICA
A assessoria de imprensa da Aeronáutica informou, nesta sexta-feira, que a instituição é a principal interessada na apuração dos fatos, que vai apontar a responsabilidade do que aconteceu. A assessoria informou também os militares da Aeronáutica não concordam com a atitude das pessoas que possam ter contribuído para o que aconteceu no quartel.

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